O Dia Mundial do Algodão, celebrado em 7 de outubro, marca a importância global de uma das fibras mais versáteis e sustentáveis do planeta. Instituída pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2019, a data enfatiza o valor econômico do algodão e seu papel no desenvolvimento social, especialmente em países emergentes como o Brasil. O país tem se consolidado como uma das potências globais na produção e exportação dessa commodity e Minas Gerais, em particular, tem se destacado como o maior produtor da região Sudeste.
De acordo com o Relatório de Safra de outubro/2024, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com uma produção de pluma estimada de 3,68 milhões de toneladas (t) na safra 2023/2024 e previsão de crescimento para 3,97 milhões/t em 2024/2025, o Brasil reforça sua posição como principal exportador mundial. A liderança se deve à alta produtividade, práticas sustentáveis e à qualidade da fibra, certificada pelo Programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável). Enquanto enfrenta desafios como a volatilidade de preços no mercado internacional, o país mantém sua competitividade, atendendo com excelência à demanda global.
Cenário do algodão brasileiro em 2024
A produção cotonicultora brasileira vai além da geração de riqueza econômica direta. Com efeito, o setor emprega diretamente milhares de pessoas, principalmente na indústria têxtil, que é responsável por uma grande parte da cadeia produtiva.
Além disso, a certificação BCI (Better Cotton Initiative) confere ao algodão nacional um status de qualidade superior no mercado internacional, reforçando seu papel como referência de práticas agrícolas responsáveis e de respeito ao meio ambiente.
Em números recentes, segundo a Abrapa:
- algodão brasileiro atende 100% da demanda interna, com uma indústria têxtil que consome cerca de 700 mil/t de fibra ao ano.
Além disso, o país tem o SouABR, programa piloto que rastreia o algodão certificado da fazenda ao varejo por meio de blockchain. O Brasil é o primeiro país do mundo a ter rastreabilidade, em escala, de ponta a ponta.
O Brasil é, assim, uma potência agrícola, mas também uma referência global em sustentabilidade no setor algodoeiro.
Minas Gerais: polo produtivo em expansão
Para a safra 2024/2025 há expectativa de aumento de 33%, em Minas Gerais, no volume de área destinada ao cultivo do algodão. Foto: SNP Consultoria | acervo Amipa.
O Estado tem se consolidado como um importante polo de produção de algodão no Brasil, graças ao investimento em tecnologias agrícolas avançadas e práticas sustentáveis. A Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), tem desempenhado um papel-chave na modernização da cotonicultura regional, promovendo inovação e o uso de técnicas de manejo sustentável.
De acordo com o diretor-executivo da Amipa, Lício Pena, Minas Gerais é um exemplo de como a tecnologia e a agricultura de precisão têm transformado a produtividade algodoeira. “Investimos pesado em pesquisa e desenvolvimento, utilizando práticas que otimizam o uso da terra, não causam impactos ambientais e melhoram a eficiência produtiva. Isso nos coloca em uma posição privilegiada tanto no mercado interno quanto nas exportações”, afirma.
Na última safra, o Estado alcançou uma produção de 51,7 mil/t de algodão em pluma. Segundo o executivo, a expectativa para a safra atual é de um aumento de 27,4%, chegando a 65,9 mil/t. A produção estimada para a safra em curso se aproxima do volume consumido no mercado mineiro, que gira em torno de 80 mil/t. No entanto, cerca de 70% das 65,9 mil/t produzidas serão destinadas à exportação. Quanto à área de plantio, também é previsto um aumento para a próxima temporada. Na safra 2022/2023, foram cultivados 25.800 mil/hectares (ha), enquanto em 2023/2024 foi de 32.400 mil/ha, representando um crescimento de 25,4%. Para o ciclo 2024/2025, a Associação projeta um crescimento de 33% em área, com uma produção em torno de 78 mil/t.
O executivo também atribui o aumento na produção e na área plantada na safra atual ao cenário de preços desfavoráveis dos grãos. “O algodão tem se mostrado uma alternativa que até pode ser mais lucrativa para o produtor rural, mas demanda mais investimentos e estratégias”, comenta, destacando ainda que “o produtor se sente mais confiante em plantar quando sabe que há uma cadeia organizada e unida através da Associação”.
Além do impacto econômico direto na geração de empregos e renda para os agricultores locais, Minas Gerais se destaca por fortalecer sua economia por meio da exportação da commodity. A integração da cadeia produtiva é outro ponto forte, conectando a produção agrícola ao setor têxtil regional e nacional, mérito de uma política exitosa chamada Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas).
A representatividade mercadológica do algodão brasileiro
O algodão nacional tem uma forte presença no mercado global, em grande parte devido à sua qualidade e às práticas sustentáveis de cultivo. As iniciativas de certificação, como a BCI, têm sido fundamentais para garantir o reconhecimento da fibra brasileira como um produto premium. Isso coloca o algodão do Brasil em uma posição estratégica, atendendo cerca de 27% das necessidades têxteis globais.
A representatividade comercial do algodão não se limita apenas à exportação. Internamente, a cotonicultura fortalece a economia rural e incentiva a modernização do setor agrícola. Além disso, as políticas públicas voltadas ao agronegócio algodoeiro têm estimulado a competitividade, mantendo o Brasil no topo da lista dos maiores players globais.
Futuro da cultura algodoeira
Em um contexto global de crescente demanda por fibras sustentáveis, o algodão brasileiro surge como um modelo de produção eficiente e ambientalmente responsável. Para Licio Pena, o futuro da cotonicultura mineira e brasileira é promissor. “O Brasil destaca-se no cenário mundial como fornecedor de algodão com volume e qualidade, ocupando o primeiro lugar no ranking de exportadores do planeta. Inseridos nesse contexto, em Minas Gerais estamos também constantemente buscando novas tecnologias e práticas que possam aumentar a produtividade e a rentabilidade do produtor associado, sempre com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. A sustentabilidade não é apenas uma vantagem competitiva, é uma necessidade para garantir que o algodão continue sendo um dos principais motores da economia global”, destaca o diretor da Amipa.
No Brasil, investir no algodão é investir no futuro, não só do agronegócio, mas de uma cadeia produtiva que gera emprego, renda e desenvolvimento sustentável para milhões de pessoas.