Problema pode estar na metodologia de ensino adotada pela escola, que nem sempre coloca o estudante no centro do processo de aprendizagem
À primeira vista pode até parecer redundância, mas um dos principais desafios de um estudante, sobretudo nos primeiros anos das séries iniciais, é aprender a aprender. É mais que simplesmente compreender o conteúdo pedagógico ensinado pelos professores. É transformá-lo em conhecimento e a partir daí fazer conexões e estabelecer relações que sedimentarão o conteúdo para a vida toda.
O problema é que uma escola tradicional preocupada apenas com o conteúdo, e não com o processo, nem sempre permite que isso aconteça. Em boa parte das vezes gera dificuldades adicionais para as crianças, sobretudo, para aquelas que enfrentam alguma limitação ou neurodivergência. O quadro torna-se ainda mais desafiador em fim de semestre, como agora, quando as notas estão sendo fechadas e o medo da reprovação começa a surgir.
A alternativa a esse modelo conteudista tradicional que muitas vezes submete os estudantes a uma rotina estressante, é uma guinada na forma de abordar o conteúdo pedagógico, que precisa manter a robustez da grade, com todas as disciplinas e elementos, mas dentro de uma abordagem que coloque o estudante no centro do processo. A avaliação é de uma das maiores especialistas em educação do Centro-Oeste do país, a professora Denise De Felice. Diretora da ONE School, escola bilíngue de educação infantil e ensino fundamental da Casa Thomas Jefferson. Denise De Felice é pedagoga, pesquisadora da neurociência e dos mecanismos que o cérebro aciona durante a aprendizagem e o processo de transformação da informação em conhecimento.
Segundo a professora, é fundamental que o estudante seja levado a desempenhar um papel ativo na construção do próprio aprendizado e da identidade. “Guiados pelo instinto de descobrir, o nosso papel é de motivar as crianças, transformando cada experiência dentro da nossa escola em uma jornada de aprendizado e crescimento. Cada novo desafio é um convite para expandir horizontes e mergulhar em novos conhecimentos”, explica.
Não só no aprendizado de uma nova língua, mas também no universo do aprender, as crianças são protagonistas, já que por meio da curiosidade ela mesma conduz os próprios passos, fazendo perguntas e buscando as respostas. Segundo Denise, esse é um processo fundamental na construção do conhecimento. “Quando a escola leva isso em consideração, ela cria oportunidades para que os estudantes participem de todas as etapas da aprendizagem, como escolher, planejar, executar, avaliar, errar e reavaliar. A escola estimula o desenvolvimento do potencial do estudante, dando início a uma jornada de autonomia e autorrealização que perdurará por toda a vida”, explica.