Especialista explica o procedimento
A cirurgia ortognática é a correção do posicionamento dos ossos responsáveis pela mastigação (maxila e mandíbula). A palavra ortognática tem a origem na raiz das palavras orto que significa alinhamento ou posição correta e na palavra gnatos que faz referência aos ossos da mastigação. Para ajudar a desmistificar o assunto, conversamos com Paulo Vasconcelos, dentista bucomaxilofacial e especialista em cirurgia ortognática.
Objetivos da cirurgia ortognática
A busca pelo posicionamento mais adequado da maxila, da mandíbula e das estruturas adjacentes, com a finalidade de melhorar a função que essas estruturas desempenham na face. “Dessa forma conseguimos ter a correção da mordida, melhora na respiração, diminuição de eventuais dores nos músculos da mastigação e na articulação da mandíbula (ATM). Como consequência, o paciente ainda ganha um beneficio enorme quanto à estética facial”, destaca Paulo.
Três classes na cirurgia ortognática
Classe I – Posicionamento da mandíbula e relação à maxila apresenta-se normal no sentido antero posterior.
Classe II – Mandíbula retroposicionada. Possui pouca projeção da mandíbula e do mento (queixo). Normalmente, o paciente apresenta maior tendência a ter dificuldade respiratória durante o sono, podendo apresentar ronco ou apneia.
Classe III – Mandíbula a frente da maxila. Essa posição pode ocorrer tanto pelo fato de a maxila estar para trás ou devido à mandíbula avançada. Muitas vezes as estruturas estão malposicionadas. O dentista aponta que existem outras alterações no sentido vertical e lateral que podem estar associadas a essas três classes principais.
Indicações e contraindicações para a cirurgia
Paulo mostra as principais: Correção da mordida; paciente com apneia do sono e ronco (dificuldade de respirar aos dormir, ocasionando pequenas paradas na respiração pelo bloqueio da passagem do ar); estética facial e do sorriso; complementar tratamento de ATM (articulação da mandíbula) nos pacientes com dor na face, dor de cabeça, estalos ao abrir a boca.
Segundo o dentista, a cirurgia não é indicada para aquele paciente que possui algum problema de saúde descompensado. “Nesses casos indicamos para a especialidade que irá realizar o tratamento necessário até que o paciente tenha condições de ser submetido à cirurgia ortognática”, alerta.
A cirurgia e a recuperação
De acordo com Paulo, em qualquer cirurgia, o paciente necessita de alguns cuidados e tempo de afastamento devido ao inchaço e limitação das atividades. Ele explica que a técnica cirúrgica, equipamentos e instrumentais evoluíram bastante. A cirurgia consiste em realizar pequenos cortes no osso que são reposicionados e fixados na posição correta. “Hoje em dia temos um tempo de recuperação bem melhor que anos atrás. A técnica mais recente chamada de minimamente invasiva, quando bem indicada, reduz desconforto no pós- operatório abreviando a recuperação do paciente”, diz.
Pós-operatório
Segundo o dentista, após a cirurgia ortognática, o paciente necessita fazer controle rigoroso com o cirurgião. “Existe a necessidade de verificar as condições da região em que foram realizadas as incisões e sutura, assim como observar o encaixe dos dentes e introdução de elásticos para ajudar a manter a nova posição da maxila e da mandíbula”, comenta.
Paulo fala que é fundamental o alinhamento entre o ortodontista e o cirurgião bucomaxilofacial em relação ao tratamento que será realizado, além do planejamento e objetivos almejados. Isso irá garantir o sucesso do tratamento e evitar intercorrências.
A cirurgia é oferecida na rede pública de saúde ou somente particular? Conforme o dentista, a cirurgia é oferecida na rede pública, contudo, há poucos lugares que realizam. Isso gera fila e a espera grande. “Normalmente são hospitais onde existem cursos de residência em que os cirurgiões fazem seu curso de formação. É um tratamento que a maior parte dos procedimentos envolvidos fazem parte do Rol da ANS, assegurando cobertura dos planos de saúde”, finaliza.