A construção civil passa por um período de turbulências. Depois de desfrutar de um período promissor em plena pandemia, quando registrou crescimentos anuais acima dos 10%, o setor agora vive uma retração que, num cenário positivo, pode proporcionar um crescimento modesto, de apenas 2% para todo o ano. A expectativa inicial da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) era de 2,5%, mas a projeção já foi corrigida para baixo.
Nem mesmo a retomada do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, incrementado pelo aumento do teto de R$ 254 para R$ 350 mil, deve ser suficiente para manter os projetos imobiliários aquecidos como nos últimos anos. A explicação para a redução está inicialmente nos números: até 2021, a taxa básica de juros, a Selic, operava em 2% ao ano, o menor índice da história. Isso compensava bastante a inflação sobre os insumos da construção civil. Agora, a Selic opera em 13,75%, e os preços dos produtos continuam aumentando.
Mas para Danielle Felipe, product manager e sócia da Projelet, empresa especializada em soluções inteligentes para a construção civil, debruçar apenas sobre a realidade econômica pode ser um tiro no pé para as empresas que atuam no setor. “Aceitar que a culpa é da conjuntura negativa é admitir que seguiremos retraídos nos próximos meses ou até anos. Ainda que os juros estejam prestes a sofrer uma queda, não dá pra saber como isso vai acontecer nos próximos meses”, sustenta.
“Precisamos então é deixar o cenário ruim de lado e investir em criatividade e tecnologia”, defende Danielle Felipe. “Há soluções bastante tangíveis, que viabilizam a oportunidade de ótimos negócios para consumidores e construtoras. O momento é de colocar em prática planos audaciosos que conciliam boas doses de ousadia, inteligência, economia e qualidade. Aliando esses ingredientes, é possível tornar o mercado atrativo, e retomar os rumos do desenvolvimento”, analisa a Danielle da Projelet.
Tecnologias podem baratear projetos
Danielle diz que os projetos de arquitetura e engenharia podem oferecer novas ideias aos clientes. Uma maneira de diminuir o peso do bolso, com os créditos habitacionais pressionados, é oferecendo materiais mais em conta. “A construção civil é uma das áreas econômicas mais receptivas à inovação, e boa parte dessas transformações surgem com o intuito de oferecer materiais com a mesma qualidade, mas com maior sustentabilidade. E esse impacto recai também sobre o preço mais em conta”, explica.
Além disso, os projetos podem ser elaborados de modo a conciliar o gosto do cliente com os custos da obra, mantendo uma relação de transparência. “Hoje é possível apresentar projetos bastante realistas, com uma riqueza de detalhes que permite ao consumidor navegar na proposta. A tecnologia é muito favorável a este novo momento. Isso permite melhorar a relação entre as partes e promover ótimos negócios, que sejam positivos para as duas partes”, conclui.