Cães e gatos podem sofrer de doença semelhante ao Alzheimer; saiba mais

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Especialista da Universidade Pitágoras de Minas Gerais explica fatores de risco para a Síndrome da Disfunção Cognitiva.

Os cães e gatos domésticos podem desenvolver uma condição chamada de “Síndrome da Disfunção Cognitiva”, muito similar ao Alzheimer humano. Quem explica mais sobre o assunto é a médica-veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Pitágoras de Minas Gerais, Júlia Terra.

“A medicina veterinária avançou nos últimos anos para atender a saúde de animais de estimação em diferentes fases de vida. No entanto, existem desafios por parte de tutores e veterinários na garantia do cuidado de pets idosos, mesmo sabendo que essa é uma condição biológica natural, milhares de animais estão vulneráveis a doenças cognitivas. Os primeiros sinais clínicos da SDC podem ocorrer a partir dos 6 anos de idade dos cães, por exemplo”, afirma a médica veterinária.

Por ser uma condição neurodegenerativa relacionada à idade, a síndrome acomete geralmente animais idosos, principalmente cães com mais de 8 anos de idade. Estudos mostram prevalência de 28% em cães com 11 a 12 anos e 68% em cães com 15 a 16 anos de idade. A prevalência em gatos com 11 a 14 anos pode chegar a 28%, e 50% em gatos com 15 anos de idade.

SINAIS CLÍNICOS
Quando acometidos pela síndrome, os cães geralmente manifestam confusão, ansiedade, distúrbio no ciclo sono-vigília, desatenção, inatividade, andar compulsivo (especialmente à noite), demência, incontinência fecal ou urinária, dificuldade em subir escadas, incapacidade de reconhecer pessoas e animais familiares, diminuição da interação com a família e vocalização excessiva (especialmente à noite).

Quando a síndrome acomete os gatos, os sinais são parecidos com os apresentados pelos cães: desorientação espacial ou temporal; alterações nas interações entre o pet e seus tutores ou outros pets; alterações no ciclo sono-vigília; alteração nos locais de evacuação, entre outros.

Tanto para cães como para gatos, um dos sinais clínicos da Síndrome da Disfunção Cognitiva é a incapacidade dos animais em reconhecer seus tutores.

Na maioria dos casos, o diagnóstico da síndrome é desafiador, feito com base nos sinais clínicos, exame clínico e histórico consistente com a condição. Há testes comportamentais muito úteis sendo desenvolvidos para mensurar a habilidade cognitiva dos pets e determinar alguns déficits.

“O processo de diagnóstico da SDC ainda é complexo, mas existem estudos para aperfeiçoamento desses exames, garantindo um resultado claro e objetivo da doença”, conta.

É POSSÍVEL EVITAR?
Existem formas para tentar diminuir a probabilidade de o animal desenvolver a síndrome com o avanço da idade: desde pequeno, o tutor deve fornecer ao pet um ambiente enriquecido, com oportunidades de exploração, exercícios, novidades, brinquedos que o estimulem, além de promover uma dieta adequada, indicada por um médico-veterinário, evitando fornecer ao bichinho alimentos processados, ricos em açúcar e gordura.

“O ideal é uma dieta natural, fresca e variada que não contenham aditivos químicos como conservantes, palatabilizantes, corantes. Busque incluir alimentos bons para o cérebro e ricos em antioxidantes como folhas verde-escuras, vegetais coloridos de preferência alaranjados, além de suplementos, probióticos, triglicerídeos de cadeia média, vitaminas B, C, E, ômega 3, carotenoides, peixes, entre outros. É importante ressaltar que a dieta deve ser prescrita por um médico veterinário, a fim de garantir que a dieta seja balanceada”, acrescenta a acadêmica.

Animais domésticos sedentários ou que permanecem muito tempo presos, pouco estimulados, entediados e com pobre enriquecimento ambiental durante a vida também podem se tornar mais propensos ao desenvolvimento da síndrome com a idade avançada.

“Assim como os humanos, para uma vida sadia os animais de estimação precisam manter uma rotina regular de atividades físicas, além de entregar um ambiente doméstico interessante com interações sociais e novos brinquedos para o pet, outra forma de inovar é incluí-lo em atividades de lazer como passear no parque, pois assim aguça o senso de exploração do animal”, orienta.

Outros fatores de risco citados, além da idade avançada, incluem sexo e porte do animal. Cadelas têm maior risco de desenvolveram a síndrome, assim como cães de pequeno porte.

A síndrome da disfunção cognitiva não tem cura, mas o veterinário explica que os avanços da ciência permitem melhor manejo do animal para tentar diminuir o impacto dos sinais clínicos no seu bem-estar e no bem-estar dos tutores.

“O início imediato da terapia auxiliará no retardo de enfermidades. Entenda com o especialista qual tratamento é o mais indicado, seja com uso de fármacos como ansiolíticos e melatonina ou suplementos alimentícios. Uma alternativa para neutralizar o estado do pet é utilizar hormônios no tratamento, eles podem melhorar o fluxo sanguíneo no sistema nervoso”, finaliza Júlia.