Consequências da pandemia e inovações também serão apresentadas nesta edição, que acontece entre os dias 3 e 7 de junho nos EUA
Na última edição, o foco eram as consequências da pandemia da Covid-19 na oncologia. Dois anos depois, a ASCO (Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica) vira suas atenções para a desigualdade em tratamento e acesso aos medicamentos oncológicos no mundo, cenário que ficou ainda mais evidente com a crise sanitária do coronavírus. Considerado o maior evento sobre o tema no mundo, o congresso acontece de forma presencial e online entre os dias 3 e 7 de junho.
“Esta é uma mudança muito positiva da ASCO no seu foco. Se antes o congresso era muito focado em pesquisas e inovações – o que, claro, ainda faz parte de sua programação -, agora ele se virou também para o que é, de fato, o grande desafio da oncologia: o acesso global aos medicamentos e tratamentos mais inovadores. Há muitos avanços sendo desenvolvidos e de fato as novas terapias são altamente eficazes, mas com o custo ainda muito alto para a maior parte da população mundial”, comenta Carlos Gil, diretor-médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas.
Segundo o médico, esse cenário ficou ainda mais evidente com a pandemia. Olhando para a realidade de países em todo o mundo, ele destaca que é notável o acesso desigual a tratamentos e aos estudos científicos que envolvem a descoberta de novas estratégias para controle de tumores malignos. E isso agora se soma às consequências da pandemia na saúde como um todo, que começam agora a ser medidas, compondo um cenário de múltiplos desafios para toda a comunidade médico-científica e sociedade em geral. Uma diferença de acesso visível aqui no Brasil.
“Enquanto os tratamentos mais avançados chegam rapidamente ao sistema privado, que não deixa nada a dever com outros sistemas da Europa e EUA, o SUS vai ficando cada vez mais obsoleto, com formas de tratar menos eficazes e que tem maior impacto na qualidade de vida dos brasileiros. Isso vai ampliando a desigualdade e criando um abismo de realidades quando o assunto é o combate ao câncer”, alerta Carlos Gil.
Ciência em foco
No Encontro da ASCO são apresentados anualmente estudos que transformam a prática clínica e mudam a maneira como devem ser tratados diferentes tipos de tumores. Também são mostradas pesquisas que apontam caminhos promissores, e eventualmente podem se confirmar no futuro como uma mudança de paradigmas no combate ao câncer.
“Dentre os muitos estudos altamente relevantes, destaco os de imunoconjugados. Essas drogas – que já fazem bastante sucesso dentro de suas indicações especificas – prometem avançar para outros tipos de câncer de mama e gradualmente tomar o espaço de tratamentos tradicionais – como a quimioterapia. Indo um pouco mais longe, essas moléculas altamente inovadoras podem estar estabelecendo uma nova direção para a oncologia, um cenário no qual os mais fracos certamente não sobreviverão”, afirma Max Mano, líder da especialidade de tumores de mama do Grupo Oncoclínicas e oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Além disso, segundo ele, serão apresentados resultados confirmatórios de tratamentos atuais. “Como por exemplo palbociclibe em câncer de mama metastático de perfil luminal, da imunoterapia (pembrolizumabe) no tratamento do câncer de mama triplo negativo inicial, entre outros. Para os interessados em dados mais preliminares de pesquisa clínica, muitos estudos de fase I/II nos indicarão o futuro do tratamento sistêmico do câncer de mama”, enfatiza.
Para o oncologista Paulo Lages, da Oncoclínicas Brasília, a Asco 2022 trará ainda destaque para diversos resultados de estudos promissores que vêm sendo conduzidos pelo mundo relacionados a tumores geniturinários. “Temos a apresentação do Cosmic, que é uma pesquisa que foi feita com a associação de imunoterapia junto com uma droga já usada no tratamento desse câncer de rim, que é o Cabozantinib, e que parece ter uma eficácia muito interessante para pacientes com câncer de bexiga. Também poderemos ver o estudo, que está em fase 2 de medicamentos e tratamentos para pacientes que têm dano no gene de reparo de DNA e câncer de próstata”.
No contexto de câncer de rim, a expectativa é o estudo Everest, sobre a eficácia do tratamento complementar à cirurgia com a droga Everolimus. “O tratamento complementar padrão hoje é a imunoterapia. Essa seria uma nova classe de droga que poderia trazer benefício para pacientes com tumores renais operados. Os resultados desse estudo são muito esperados, pois podem representar uma mudança importante”, comenta.
Pandemia continuará impactando
No Brasil, estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica indicam que no primeiro ano da pandemia de Covid-19 no País, ao menos 70 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. E só em abril de 2020, cerca de 70% das cirurgias de câncer foram adiadas. Os dados são resultado dos cancelamentos de procedimentos não urgentes, como exames, consultas e cirurgias, além da recusa de pacientes com a doença ou sintomas em procurar um hospital ou clínica por medo de pegarem o coronavírus.
“Muitas cirurgias foram adiadas e diagnósticos deixaram de ser feitos neste momento de crise na saúde mundial. Com isso, potencialmente poderemos ter como efeito avanços em casos da doença sendo descoberta em fases mais avançadas, o que impacta diretamente nas chances de resposta aos tratamentos no combate ao câncer”, reforça Clarissa Mathias, oncologista da Oncoclínicas Bahia e palestrante da Sessão Educacional da Asco 2022, onde apresentará um estudo sobre equidade no tratamento oncológico por meio de programas de pesquisa clínica no Brasil.
Sobre a Oncoclínicas
Fundada em 2010, a Oncoclínicas (ONCO3) é uma das maiores e mais relevantes instituições privadas no mercado de oncologia da América Latina. O grupo conta com 91 unidades, entre clínicas, laboratórios de genômica, anatomia patológica e centros integrados de tratamento do câncer, estrategicamente localizadas em 25 cidades brasileiras. Desde sua fundação, a Oncoclínicas passou por um processo de expansão com o propósito de se tornar a principal referência em tratamentos oncológicos em todas as regiões em que atua.
O corpo clínico da Companhia é composto por mais de 1.300 médicos especialistas com ênfase em oncologia, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pela linha de cuidado integral no combate ao câncer. A Oncoclínicas tem parceria exclusiva no Brasil com o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado à Harvard Medical School, em Boston, EUA.
Para obter mais informações, visite www.grupooncoclinicas.com.