O motorista que pegou a estrada para viajar de carro com a família neste período de férias certamente fez uma revisão de vários itens antes de iniciar a viagem. “Na volta das férias, uma revisão no veículo é também essencial para colocar o veículo em ordem, evitar desgaste de peças e até mesmo se precaver contra a problemas futuros e gastos desnecessários”, afirma o engenheiro mecânico e gerente de pós-venda das concessionárias Carbel Volkswagen e Nissan Carbel Japão, Emerson Pereira.
As rodovias brasileiras foram recentemente afetadas por fortes chuvas, principalmente as de Minas Gerais, tornando ainda mais necessário a revisão do carro para avaliar os danos. Entre os principais itens a serem analisados estão os pneus, o alinhamento, balanceamento, a troca de fluidos de freio e arrefecimento, suspensão, filtros de ar e de cabine.
Alinhamento
Segundo Emerson Pereira, um veículo SUV, por exemplo, se cair em um buraco de 20 cm na estrada a uma velocidade de 30, 40km/h sofre um impacto de cerca de três toneladas. Acima dessa velocidade o impacto será ainda maior. “Esse impacto vai prejudicar os pneus e existe grande chance de comprometer o alinhamento e o balanceamento do carro”, comenta.
Suspensão
O sistema de suspensão de um veículo é composto por diversos elementos flexíveis, sendo que os principais e mais conhecidos são os amortecedores, molas, bandejas e barra estabilizadora. Esses itens agem em conjunto com o mesmo objetivo que é o de promover conforto aos passageiros e dar estabilidade e segurança ao veículo.
Emerson explica que se veículo perde o alinhamento, o carro vai puxar para um dos lados, geralmente para o lado que ele caiu no buraco e vai consumindo os pneus. As consequências de não alinhar o carro podem sair muito mais caro para o motorista. “Quando um veículo fica puxando apenas para um lado, ele vai usar mais o amortecedor do lado que está sendo mais exigido e acabar afetando esse amortecedor”.
Balanceamento
O balanceamento permite que as rodas girem sem provocar vibrações. Segundo o especialista, ele é essencial para equilibrar o conjunto de pneus e rodas do veículo. “Vamos analisar as rodas e a liga leve, caso tenha. A roda de liga leve é mais resistente, mas uma vez que sofre um impacto muito grande ela chega a trincar”, explica.
Segundo o engenheiro, se a roda perde massa, tem que acrescentar essa massa para consertar o balanceamento do carro. “Se isso não for feito, o volante passa a vibrar. Se esse volante estiver vibrando, vai afetar a coluna de direção. Essa coluna vai no painel e chega até à caixa de direção. Uma coluna de direção chega a custar por volta de R$ 2 mil a R$ 3 mil. No final dela tem a caixa de direção. É ela que faz o volante virar para a direita e para a esquerda”. E acrescenta. “Todo mundo pensa que vibra só o volante, mas é um sistema todo que é composto por suspensão, caixa de direção e da coluna de direção”.
O balanceamento custa cerca de R$ 50 reais por roda. É um gasto muito menor de que se o motorista tiver a necessidade depois de vir a trocar o conjunto de caixa de direção e coluna do carro que sai por volta de R$ 4 mil.
Fluidos
Depois de uma viagem longa e desgastante debaixo de um sol de verão também é preciso que seja avaliada a necessidade da troca de fluidos de arrefecimento e de ar.
O carro tem motor a combustão. Esse motor precisa de resfriamento. O sistema de arrefecimento do carro tem a função de resfriar esse motor. A maioria dos veículos, de acordo com o engenheiro mecânico da Carbel, possui sistema de arrefecimento líquido chamado Long Live, cujo líquido de arrefecimento é composto para durar muito. No entanto, com as altas temperaturas do verão, o radiador pode aquecer, aquecendo a água e quando isso acontece esse tanque de expansão se expande.
Uma dica do especialista é nunca colocar água para resfriar esse motor. “As pessoas têm uma visão errônea que preciso água para essa função. A água contém muitos componentes minerais, entre eles o minério de ferro. O mais recomendado é colocar o fluido de arrefecimento original do carro”.
Outro item importante a ser revisado é o nível do fluido de freio. Em viagens, os freios são comumente mais acionados. Carros com sistema ABS se muito utilizados podem começar a travar com mais frequência se esse líquido estiver em nível baixo. Uma peça que foi dimensionada para ser trocada de dois em dois anos, por exemplo, pode vir a ser necessária a troca em apenas um ano.
Filtro de ar e filtro de cabine
Se o motorista percorreu por estradas de terra também deve dar atenção aos filtros de ar e de cabine. “A estrada de terra tem muitas impurezas que diminuem a vida útil desses filtros”.
O engenheiro também alerta que as partículas de estradas de terra são abrasivas e podem afetar o sistema de suspensão dianteira e traseira e o sistema de frenagem do carro.
Maresia
Quem curtiu uma viagem para o litoral também deve se atentar para os efeitos da maresia em seu veículo. A maresia pode afetar a lataria, pintura e amortecedor. A haste do amortecedor, por exemplo, é inoxidável, ela pode oxidar mais em cima da roda mais rápido com a maresia. Outros itens que podem ser afetados com uma viagem ao litoral são o disco de freio, pastilha de freio e o cilindro de freio. “Quando o motorista traz o carro para a revisão já revisamos isso. Se houve maresia, o amortecedor pode começar a vazar. A maresia é muito nociva para os veículos. Uma revisão é essencial para manter o carro em segurança e proporcionar uma maior vida útil em várias peças e sistemas do veículo”, conclui.