Solo de dança “Qual é o seu nome?” faz parte da programação do 1º Festival de Arte Negra Ajeum

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Com trilha sonora assinada por Moreno Veloso, o solo de dança “Qual é o seu nome?”, da dançarina e atriz mineira Juliana Iyafemi, lançado on-line em fevereiro deste ano, foi assistido  e elogiado pelos cantores e irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Sucesso de público, o espetáculo será apresentado agora no dia 28 de agosto, sábado, dentro da programação do 1º Festival de Arte Negra AJEUM – Raízes de Raquel Trindade, de São Paulo.

O Festival AJEUM acontece nos dias 27, 28 e 29 de agosto e ainda 4,5,11 e 12 de setembro, com programação on-line, das 19h às 21h. Apenas o “Diálogo AJEUM”, será no domingo das 10h às 12h. As apresentações serão em formato de live.

Para Juliana Iyafemi ter o solo de dança “Qual é o seu nome?” selecionado para o Festival é emocionante, pois foram meses de muito trabalho, com parcerias importantes como a de Moreno Veloso. “Ele fez a trilha sonora exclusiva, trazendo o violoncelo em sintonia com a lixa e pandeiro para dar o ritmo de uma das principais danças da cultura afro-brasileira, o que fez do espetáculo um sucesso”, conta.

Solo de Dança

“Qual é o seu nome?” marca o reencontro de Morena e Juliana Iyafemi, que completou neste ano 15 anos de carreira. A atriz e dançarina, natural de Araguari, leva aos palcos, de forma minimalista todos os elementos da natureza, apresentandos artisticamnte e de maneira respeitosa. No espetáculo, ela mistura o erudio e o popular para falar sobre a iniciação da dançarina na religião do candomblé. “No solo eu faço elucidações acerca da cultura afro-brasileira, através da valorização do samba de roda, da capoeira e das danças baseadas nos movimenos dos orixás, os três são tombados como patrimônios imateriais do Brasil”, explica Juliana Iyafemi.

A dançarina revela que o título do espetáculo “Qual é seu nome?” foi tirado do trecho de uma das mais recentes composições de Moreno. O que aliás foi algo inédito na carreira do compositor. Ele já havia produzido trilha sonora que inspirou outros trabalhos de dança, como o grupo Corpo, de Belo Horizonte, mas, no caso atual, ele fez o caminho inverso, ou seja, criou uma trilha para um espetáculo que já tinha os movimentos definidos.

Essa dinâmica se deu por conta da pandemia, o que fez com que toda a produção fosse acompanhada à distância. A artista, por exemplo, fez a maioria dos ensaios sem música. “Tive que me reinventar, aprender a escutar o som do silêncio, o som do palco”, conta Juliana Iyafemí, que agora tem o desafio de dançar para a câmera, sem o calor do público.

O solo de dança tem duração de 20 minutos. O rito de iniciação proposto na dança ainda remete o público a pensar o que faz as pessoas começar algo diferente todos os dias, ou simplesmente começar de novo. Ou ainda, quem é você para além do seu nome.

Na direção está outra forte expoente da arte contemporânea nacional. Vera passos é professora, bailarina e coreógrafa com trabalhos consolidados que vão das danças tradicionais brasileiras ao balé clássico. Atualmente, é uma das difusoras da Técnica Silvestre de dança, juntamente com a idealizadora Rosângela Silvestre.

 Sobre a dançarina

Formada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), bailarina e produtora cultural, Juliana Iyafemí é uma artista movida pela sua própria inquietação. Nascida e criada em Araguari (MG), atualmente vive em Natal (RN) e se prepara para novos desafios na Bahia; já rodou o Brasil e alguns países, como Itália, Espanha, Peru, Uruguai, Suíça, Alemanha, em apresentações de dança, teatro, rodas de capoeira, dentre outros projetos que reforçam o quanto a cultura afro está enraizada em nossa sociedade. “Por onde passo, faço um ‘Jam Session’, uma apresentação livre, pois por onde vou levo meu corpo que é minha casa e meu trabalho”, revela.

No fim do ano passado, ela protagonizou o curta-metragem “Entenebrecida – Um experimento sobre a carne” em que mira os holofotes na questão racial, de classe, de gênero e canaliza sua energia na elucidação das culturas de matrizes afrodescendentes, o que na essência é um trabalho de valorização da própria história do Brasil.

O filme esteve disponível para exibição gratuita no YouTube até meados de janeiro e agora será inscrito em editais de cultura nacionais e internacionais.

Ficha técnica:

“Qual é seu nome?”

Apresentação: 28/08 – 19h às 21h, na programação do Festival de Arte Negra AJEUM – Raízes de Raquel Trindade

Orientação: Vera passos (BA)

Trilha sonora: Moreno Veloso (RJ)

Composição/ Dançarina: Juliana Iyafemí (MG/RN)

Figurino: Mamba Negra (RN)

Costureira: Maria de Lourdes Quirino (RN)

Contra-regragem| operação de som| operação projeção| iluminação: Giovanna Araújo (RN)

Espaço de ensaio: Tecessol (RN)

Vozes iniciais: Dofona de Oxóssi e gamotinho de omolu (ilê axé afinka – macaíba/RN)

Arte e montagem projeção: Fernando Franco (PB)

Produção: Grupo de Artes Comboio (MG)

Agradecimentos: Minha mãe Oyá, Todo Egbé do Ilê Axé Afinka(Macaíba- RN) em especial Babalorixá Jorge Freire de Oxaguian, Toda Família Lopes e Nascimento(em especial Iúna-minha filha), Lei Aldir Blanc, Flaira Ferro, Igor de Carvalho, Alexandre Américo, Grupo Facetas em especial Giovanna Araújo, toda equipe de trabalho e Grupo de artes comboio.