Pesquisa da Una aponta aumento de 40% no consumo de açúcar durante a pandemia

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Um docinho ao final de um dia estressante pode ser uma válvula de escape para muita gente. Apesar do sentimento momentâneo de felicidade, o consumo de açúcares em excesso pode gerar problemas de saúde à pessoa. Segundo um estudo da Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Centro Universitário Una, em Belo Horizonte, 40% dos 244 pacientes analisados consumiram mais açúcar do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para a professora de nutrição do Centro Universitário Una Uberlândia, que faz parte da Ânima Educação, Aline Silva dos Reis, esse aumento no consumo muitas vezes nem é percebido. “ A quantidade recomendada pela OMS é de 25g/dia de açúcar, e acredito que o excesso de consumo de açúcar, que é prejudicial, é aquele proveniente de alimentos ultraprocessados e provavelmente foram estes alimentos que tiveram o seu consumo aumentado durante a pandemia, levando ao aumento desse índice”, pontua Aline.

Os dados da pesquisa podem refletir as condições emocionais dos entrevistados. Segundo Isabella Cláudia Koga Morais, professora de psicologia da Una Uberlândia, o excesso no consumo de açúcares pode estar diretamente ligado à ansiedade e estresse. “Em momentos de muito estresse, como o da pandemia, nosso organismo busca alimentos que vão gerar uma resposta rápida de prazer, aliviando a tensão. E algumas comidas ricas em açúcar podem ser uma via rápida, para suprir essa vontade. O importante é ficarmos atentos: esse consumo supri uma necessidade momentânea, por isso precisamos notar se não está sendo desenvolvido algo como compulsão alimentar, que não traz apenas problemas na balança, mas também no comportamento, em que a pessoa sente vergonha de se alimentar próximo à outras pessoas e tem problemas no dia a dia profissional, por exemplo”, explica Isabella.

Aline aponta que a relação do aumento no consumo de açúcar durante os períodos de estresse, tem explicação científica. “Comer açúcar faz com que o sistema de recompensa do cérebro seja ativado, liberando substâncias como dopamina e serotonina, que geram a sensação de prazer e bem-estar. Além disso, o sabor doce por ser muito palatável, ao entrar em contato com nossas papilas gustativas geram uma sensação de prazer imediato”, detalha a especialista.

Em relação aos problemas causados pelos altos níveis de consumo de açúcares, como obesidade, problemas cardiovasculares, hipertensão e diabete, a professora Aline explica que eles podem ir muito além da balança. “O que acontece é que após ingerirmos uma quantidade elevada de açúcar, os níveis de glicose no sangue sobem rapidamente, gerando  uma sensação de saciedade. Entretanto, após esse rápido pico de energia, também há uma queda abrupta, que nosso corpo muitas vezes não processa, causando cansaço, irritabilidade, tremores e tontura”, aponta.

Com os diversos problemas que podem ser desencadeados, é preciso ficar atento às causas e efeitos. Isabella Morais ressalta que se for percebida alguma alteração brusca de humor, momentos de tristeza ou ansiedade, o recomendado é buscar ajuda psicológica para que o profissional possa fazer um diagnóstico adequado. Em relação à saúde física, Aline Reis relembra alguns alimentos que podem substituir o açúcar. “ Não é o fim do mundo comer um docinho, só é preciso equilíbrio e acompanhamento nutricional. Podemos optar por opções mais naturais como mel e frutas, e também cortar o açúcar refinado de algumas receitas do dia a dia, por exemplo, tomar cafés e sucos sem o açúcar ou com adoçantes, usados de forma consciente”, reforça ela, que ainda dá outra dica importante: “É importante ler os rótulos dos alimentos nos supermercados. Lembrando que a lista segue uma ordem decrescente de quantidade, ou seja, o primeiro ítem a aparecer é o que está mais presente no produto. Além disso, nomes como sacarose, maltodextrina, dextrose e xarope de milho nas embalagens significam que o alimento contém açúcar” finaliza.