Sim e não! Existem dois mitos que rondam a doença de Parkinson: nem todo tremor é necessariamente Parkinson e, nem todo paciente com doença de Parkinson tem tremor.
Ou seja, somente uma avaliação médica pode dar o devido diagnóstico.
Pensando nisso, conversamos com o Dr. Lauro Figueira Pinto, neurologista do Hospital Santa Clara, e discutimos sobre o que é a doença de Parkinson e o que é o tremor essencial.
Doença de Parkinson
O Parkinson ocorre quando as células nervosas do cérebro não produzem dopamina suficiente.
“O tremor é uma das principais manifestações motoras da Doença de Parkinson, mas não a única. Além do tremor, os pacientes podem apresentar bradicinesia (movimentos lentos), rigidez (corpo endurecido) e instabilidade para andar, podendo levar a quedas. Pessoas com Parkinson também podem ter dificuldades para sentir cheiro, intestino preso, sono agitado e várias outras manifestações não motoras”, explica o doutor.
Entretanto, o tremor é, de fato, o sintoma mais evidente. Outro sintoma marcante é a “acinesia”, que significa ausência ou pobreza de movimentos físicos, pois no parkinsoniano alguns circuitos motores passam a trabalhar de forma mais lenta e não conseguem acompanhar o ritmo normal da pessoa.
E essa diminuição dos movimentos pode ser observada na escrita, pois a letra do paciente pode ficar menor. Também ao caminhar: um braço pode balançar menos que o outro, ou uma perna dar um passo mais curto que a outra.
Além disso, à medida que os passos vão ficando mais curtos e menores, o paciente curva a cabeça e o tronco e joga o corpo para a frente. Esse fator faz com que a pessoa possa perder o equilíbrio e por isso, as quedas podem ser frequentes.
Assim, como a doença progride ao longo do tempo, cada vez mais há o agravamento dos movimentos e do intelectual.
Mais frequente em homens, geralmente o Parkinson se desenvolve após os 55/60 anos.
E, atualmente, a recomendação é que, além de seguir o tratamento medicamentoso com disciplina, é necessário manter atividade física e intelectual.
Nos casos de doença mais avançada, quando há restrição dos movimentos, é possível realizar exercícios específicos por meio de fisioterapia.
Tremor essencial
O tremor essencial pode ser confundido com o Parkinson devido aos tremores. Entretanto, esse problema atinge cerca de 10 vezes mais pessoas, é mais comum e menos grave em relação à doença de Parkinson.
Esse tipo de doença é um distúrbio neurológico que afeta igualmente homens e mulheres e causa tremor involuntário quase sempre nas mãos e nos braços, podendo atingir a cabeça e a fala. “O tremor essencial é uma condição genética que se manifesta em qualquer fase da vida e pode ser confundido com Parkinson. Situações clínicas como queda da glicose e alterações da tireoide, assim como uso de medicações também podem acarretar em mãos trêmulas”, esclarece o neurologista.
O tremor essencial pode aparecer em qualquer idade, sendo mais comum em pessoas acima de 40 anos. Não representa risco de vida e, para muitas pessoas, pode ser algo leve e nem interferir na vida cotidiana.
Porém, em casos graves pode causar deficiências. Por isso, é importante procurar um médico para avaliar sua condição caso o tremor evolua.
O distúrbio começa, geralmente, com tremores de baixa amplitude, brandos, que podem ter uma frequência maior, ou seja, com muitas repetições por segundo.
À medida que a doença progride, o que pode acontecer com a idade, os tremores em si podem tornar-se mais graves, mas com frequência menor.
De qualquer modo, a partir do primeiro sintoma, procure um médico especialista.
Diferença entre as duas doenças
Peculiaridades que ajudam no diagnóstico correto:
- O tremor essencial não causa problemas de saúde associados, enquanto o Parkinson carrega consigo sintomas que podem interferir em outros sistemas do corpo;
- O tremor essencial pode afetar a laringe, já o Parkinson não.
- No Parkinson os tremores são mais sentidos quando a pessoa está em repouso. Já nos tremores essenciais, eles costumam ser mais sentidos durante o movimento;
- Os sintomas de tremor essencial podem piorar com o tempo, mas não necessariamente abreviam o tempo de vida do paciente. A doença de Parkinson tende a progredir e pode encurtar o tempo de vida do paciente conforme o cérebro vai diminuindo a produção de dopamina.
Pronto! Agora que você tem uma ideia do que podem ser os tremores frequentes em seus familiares, procure um médico especialista e descubra qual o diagnóstico.
Fonte: Dr. Lauro Figueira Pinto
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