Falta de ar, perda do olfato e paladar, tosse e fadiga são alguns sintomas associados à Covid-19; entretanto, o que se nota há algum tempo é a persistência desses sinais e outros até inéditos em pacientes que foram acometidos pela doença por meses depois do fim da fase aguda. No mês em que se comemora o Dia Mundial da Saúde, em 07 de abril, é interessante discutir a chamada Síndrome pós-Covid e a necessidade de atenção e acompanhamento médico da condição para uma recuperação completa.
Ainda não há respostas concretas sobre porque os sintomas da Covid-19 podem continuar acometendo aqueles que tiveram a doença, inclusive quem apresentou apenas um quadro leve de sintomas, sem necessidade de internação. O que se sabe é que esse prolongamento pode durar semanas ou meses e englobar desde sinais como tosse até problemas de memória, fraqueza muscular, dores no peito, articulações e músculos.
A coordenadora dos cursos de saúde da Una Uberlândia, que integra o grupo Ânima Educação, Nayara Rubio Diniz Del Nero, explica que a persistência destes sintomas pode afetar a qualidade de vida e até o desempenho de tarefas diárias simples. “A falta de ar, por exemplo, pode gerar muita fadiga, indisposição ou até mesmo incapacidade para realizar atividades físicas com o mesmo desempenho de antes. Simples ações como subir uma escada podem não ser mais tão fáceis assim. Há relatos também de pessoas que apresentam problemas de memória, o que pode influenciar o desempenho nos estudos ou no trabalho”, compartilha ela. Nayara complementa que a autoestima também pode ser prejudicada. “Uma das principais queixas de pessoas com a Síndrome pós-Covid é a intensa queda de cabelo, que segundo pesquisas, pode afetar uma em quatro pessoas que tiveram a doença”, explica.
Em relação ao tratamento e recuperação da síndrome, a professora ressalta que é preciso paciência neste processo. Apesar de ainda não haver um tratamento específico para o pós-Covid, a ciência já mostra que existem conjuntos de técnicas e manejo clínico para contribuir com a recuperação do organismo humano nestas situações. “Por serem sintomas variados, o acompanhamento poderá envolver médicos, fisioterapeutas, nutricionistas ou outros profissionais. O que se nota são tratamentos voltados à capacidade respiratória, reabilitação física e psicológica para que a pessoa possa voltar à sua rotina normal”, pontua Nayara.
Confira algumas abordagens que estão sendo feitas para o tratamento dos sintomas da síndrome pós-Covid:
Acompanhamento psicológico
A psicologia vem desempenhando um papel fundamental nos últimos meses. Em caso da Síndrome pós-Covid não é diferente, pois além de buscar aliviar os sentimentos de ansiedade e medo que são relatados por pacientes, os psicólogos podem ajudar com alterações cognitivas, por exemplo a falta de foco e problemas de memória.
Acompanhamento nutricional
A alimentação neste momento se mostra uma forte aliada no processo de recuperação. Com o acompanhamento nutricional adequado, é garantido as vitaminas e o consumo de fibras, grãos complexos, gorduras insaturadas e antioxidantes que aumentam a função imunológica. A alta ingestão de gordura saturada, carboidratos refinados e açúcares podem desencadear um processo inflamatório, o que dificulta a recuperação.
Reabilitação física
A retomada física envolve muitas técnicas e profissionais, como educadores físicos e fisioterapeutas. Com esse acompanhamento, podem ser desenvolvidas técnicas de controle respiratório para normalizar os padrões de respiração, o que levará a uma menor fadiga do paciente, possibilitando inclusive que retomem gradualmente as atividades físicas. Por fim, essa retomada precisa seguir orientações, por exemplo, para pacientes que permanecem apresentando sintomas como fadiga, tosse, falta de ar e febre, é recomendado que limitem a atividade física a 60% da sua frequência cardíaca. Vale ressaltar que é sempre importante o acompanhamento profissional.