Conheça a história de Alfried e Gustav Krupp, empresários que por interesse, ou não, associaram-se ao regime criminoso e ligaram seus nomes ao de Hitler para sempre
Muitos foram os empresários ou industriais que, de uma forma ou de outra, acabaram ligando os seus nomes e histórias aos de Hitler. O mais notório é Hugo Boss, responsável pela fabricação dos uniformes da Wehrmacht e do Partido Nazista, incluindo o famoso fardamento negro da SS, desenhado por Karl Diebitsch e Walter Heck. Hugo Boss nunca foi considerado nazista, pelo contrário, mas recebeu muitas críticas de pessoas que o consideraram um aproveitador.
Na obra Personagens do Terceiro Reich, publicada pela Editora 106, o historiador Rodrigo Trespach nos conta se podemos dizer o mesmo da Krupp, maior produtora de aço da Europa. Será que foram apenas negócios ou ideologia?
Fundada por Friedrich Krupp em 1820 como pioneira no aço, a empresa não só fabricava armamentos e munições como também anéis da liga metálica para uso em locomotivas (símbolo da empresa até hoje), entre outros.
Negociar realmente era o forte da Krupp. Apesar de ser alemã, a empresa expandiu seus comércios e interesses muito além do programa político nacional-socialista. Vendiam não só para o Império Alemão como também para seus inimigos, a Inglaterra e Rússia. Com a morte de Friedrich, Gustav von Bohlen und Halbach, seu genro que mais tarde conseguiu permissão do kaiser para adotar o nome Krupp, assumiu o controle da corrida pela indústria armamentista. E o fez com maestria.
A derrota alemã e a desmilitarização do país não os abalaram, lucravam com a hiperinflação e produziam equipamentos de guerra que eram testados pelo Exército Vermelho na União Soviética. Na década de 1930, Gustav se tornou presidente da Associação da Industria Alemã e já era conhecido como o “Rei das fábricas de armamentos”. E embora tenha se oposto a Hitler e advertido o presidente Hindenburg do perigo nazista, quando o Fuhrer assumiu, a Krupp, em troca de privilégios, fez contribuições de cerca de 10 milhões de marcos anuais ao Partido Nazista.
Quando a Segunda Guerra chegou a produção foi levada a exaustão, e o filho de Gustav, Alfried tomou as rédeas. Diferente de Gustav, Alfried foi o responsável por consolidar a Krupp como principal fonte de abastecimento de material bélico da Alemanha. Esportista medalhista nas Olimpíadas de 1936, Alfried era membro colaborador da SS, desde 1931 e filiado ao Partido Nazista desde 1938. Responsável por mover e remontar as fábricas dos territórios ocupados para a Alemanha, escravizou boa parte da mão de obra. Em 1943, assumiu total controle da Krupp, império de 175 empresas alemãs e outras 60 subsidiárias estrangeiras.
Neste mesmo ano, começaram a usar prisioneiros de Auschwitz como empregados. Mais tarde, o ministro dos Armamentos Albert Speer relatou que cerca de 45 mil civis russos trabalhavam nas fábricas de aço e mais de 120 mil prisioneiros de guerra em minas de carvão. Somente nas proximidades de Essen havia 57 campos.
Mas, como conta a história, primeiro a empresa ficou completamente abalada após um bombardeio no parque industrial de Essen, e a derrota do Terceiro Reich levou a família a ser capturada em 1945. Absolvido por médicos americanos por sua falta de condições mentais, Gustav morreu cinco anos depois, vítima de um derrame. Alfried foi levado a julgamento, junto a outros nove diretores da Krupp, condenado a 12 anos por seus esforços na guerra alemã, pilhagem em território ocupado e maus tratos aos trabalhadores escravos, mas foi absolvido em 1951 pela anistia geral dos industriais e marechais.
Ainda, teve seus bens pessoais, avaliados em quase 50 milhões de libras esterlinas, restituídos. Dois anos depois, ele retornou ao antigo cargo na Krupp, morrendo de insuficiência cardíaca apenas em 1967, quando a empresa voltou a se tornar a maior produtora de aço da Europa com mais de 110 mil trabalhadores e um faturamento anual de 500 milhões de libras. Nos anos 1990, a empresa se uniu a Thyssen para formar a ThyssenKrupp.
Agora, se ficou curioso para descobrir a história de Fritz Thyssen, conhecido como o financiador de Hitler e suas conexões nazistas, veja mais em Personagens do Terceiro Reich: a história dos principais nomes do nazismo e da Alemanha na Segunda Guerra Mundial de Rodrigo Trespach. Para assistir ao bate-papo entre João Barone, pesquisador do tema e baterista do Paralamas do Sucesso, e o historiador e autor Rodrigo Trespach, que aconteceu no dia 26 de novembro no facebook da Editora 106, clique aqui.
Ficha técnica:
Título: Personagens do Terceiro Reich: a história dos principais nomes do nazismo e da Alemanha na Segunda Guerra Mundial
Autor: Rodrigo Trespach
Editora: 106 Biografias
Idioma: Português
Gênero: História, Biografia, Segunda Guerra, Nazismo
Edição: 1ª/2020
ISBN: livro impresso: 978-65-87399-07-2 | ebook: 978-65-87399-08-9
Páginas: 240
Preço: 54,90
Link de compra: https://amzn.to/2J0asYI
Sobre o autor: Rodrigo Trespach nasceu em Osório, RS. É historiador, pesquisador e autor de doze livros, entre eles, O Lavrador e o Sapateiro (2013), Quatro Dias em Abril (2016), os quatro livros da coleção Histórias não (ou mal) contadas (2017 e 2018) e 1824 (2019). Também é autor de diversos artigos e matérias para jornais e revistas nacionais e internacionais. Veja mais em rodrigotrespach.com
Sobre a Editora 106: é o resultado do encontro entre a psicanalista Fernanda Zacharewicz, que já editava obras na área da Psicanálise na Aller Editora, e o jornalista Omar Souza, publisher com mais de 20 anos de experiência. Diferentemente de outras editoras, a marca tem diversificação nos gêneros o que não deixa dúvidas de que há 106 editoras em uma só. Os subselos: 106 Biografias, 106 Ideias (ensaios, Filosofia, História etc.), 106 Pessoas (desenvolvimento pessoal, espiritualidade, negócios etc.), 106 Histórias (ficção histórica e contemporânea), 106 Clássicos (obras e autores consagrados), 106 Crônicas (textos produzidos por alguns dos melhores cronistas nacionais e internacionais), entre outros, são o compromisso da editora em representar os mais diversos públicos. A exceção será a Aller, já consolidada no universo psicanalítico brasileiro e que identificará os livros publicados para esse segmento.