No Mês Mundial da Visão, o oftalmologista pediátrico Rodrigo Fernandes alerta para os principais problemas oculares na infância e sinais de que a visão não vai bem
Outubro é o Mês Mundial da Visão, campanha que neste ano faz alusão a um dado alarmante: 10% dos brasileiros assumem que nunca foram ao oftalmologista, segundo pesquisa do Ibope Inteligência. Se nos adultos a falta de cuidado com os olhos é um problema, entre as crianças é ainda mais preocupante, uma vez que o sentido só chega ao pleno desenvolvimento aos 7 anos. Além disso, problemas de visão não tratados podem levar a atrasos no rendimento escolar e até à cegueira.
É o que explica o oftalmologista pediátrico Rodrigo Fernandes. Segundo ele, estrabismo e erros de refração como miopia, hipermetropia e astigmatismo, com diferença de grau expressiva entre um olho e outro, podem levar à ambliopia ou olho preguiçoso. “Explicando de forma bem simples, o cérebro passa a ignorar as informações de um dos olhos. Isso altera a função visual do olho ‘desligado’, levando até à cegueira caso não seja devidamente tratado”, disse.
Quando a causa é o estrabismo, a identificação precoce é mais frequente, pois os olhos geralmente ficam desalinhados. Já quando o problema são os erros de refração, os sinais são mais sutis, porque nem sempre as crianças reclamam que há algo errado na visão. “É aí que mora o perigo. Um diagnóstico precoce é fundamental para termos sucesso no tratamento, que inclui uso de tampão para ‘forçar’ a reação do olho prejudicado, correção do grau e até cirurgia, dependendo do caso”, ressalta o médico.
Sinais de problemas de visão
O ideal é tratar a causa antes que a ambliopia se instale. Para isso, é importante fazer o acompanhamento ao oftalmologista de acordo com a recomendação do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) – a cada 6 meses antes dos 2 anos e uma vez por ano entre 2 e 7 anos de idade. É importante também que pais e professores fiquem atentos a alguns sinais.
Entre 3 e 7 anos, a criança com dificuldades para enxergar costuma tombar a cabeça para o lado, sentir dores de cabeça ou nos olhos com frequência, se aproximar muito da TV ou do quadro, fechar os olhos quando há muita claridade ou esfregar os olhos quando tenta enxergar algum objeto.
“Dificuldades com hábitos simples, como ler e fazer tarefas, podem dar a ideia de desatenção, quando na verdade é um problema ocular. Há até casos em que a criança é diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) equivocadamente. Portanto, se forem identificados esses sinais, o primeiro passo é buscar ajuda do oftalmologista pediátrico”, alerta Rodrigo.
Aulas online: atenção redobrada
Com a pandemia, as aulas passaram a ser online e, em muitas escolas, essa realidade deve continuar até o ano que vem. Esse “novo normal” leva ao uso excessivo de telas, hábito que pode desencadear a miopia. “Quanto mais longe a criança estiver da tela, menos pior. E um acompanhamento mais frequente com o oftalmologista pode ajudar a prevenir”, finaliza.
Sobre Rodrigo Fernandes
Rodrigo Fernandes é médico oftalmologista na Olhar+ Clínica de Olhos, que fica no Uberlândia Medical Center. Ele fez residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira – SP, é especialista em estrabismo e visão subnormal pela Universidade de Campinas (Unicamp). Além do Fellowship em Retina Clínica no Hospital Evangélico em Belo Horizonte – MG, atuou por 4 anos como preceptor em oftalmologia pediátrica, estrabismo e catarata no Hospital de Olhos de Aparecida de Goiânia – GO, e é reconhecido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO.
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