Uberlândia revive festival histórico para produção de documentário

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Uberlândia recebe no sábado (20) a “Feira Livre do Som – 53 Anos Depois”, um festival que revisita o evento realizado na cidade em 9 de dezembro de 1972 pela revista Rolling Stone. Naquele ano, o público presenciou apresentações de grandes nomes da música brasileira, como O Terço, Os Mutantes, Sá, Rodrix & Guarabyra, Serguei e Tim Maia.

Agora, em 2025, cinco artistas contemporâneos de Uberlândia e região assumem a missão de recriar esse momento histórico, interpretando no palco do Espaço Uberbrau uma canção de cada um desses ícones. O show marca o início das gravações do documentário “O Som e o Eco”, dirigido por Lu de Laurentiz e Cristiano Barbosa. A entrada é gratuita.

Em 1972, Uberlândia tinha pouco mais de 124 mil habitantes e foi colocada no mapa dos grandes festivais de música do país, em um circuito que mesclava rock e MPB. O evento local se somava ao movimento iniciado no verão de 1971, no pioneiro Festival de Guarapari (ES).

Segundo Lu, todos esses encontros ecoam o espírito dos mega festivais estrangeiros, como Woodstock (EUA), Ilha de Wight (Inglaterra) e Mar y Sol (Porto Rico), promovendo diversidade sonora e um ambiente de paz e amor. O festival, realizado em plena efervescência da contracultura brasileira, foi tema do pós-doutorado de Lu em História, na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Foram poucos os registros encontrados de 1972, quase que limitados a anúncios e publicações na própria Rolling Stone. Na pesquisa, Lu descobriu, por exemplo, que Rita Lee veio, mas não se apresentou com Os Mutantes. Nenhum registro sonoro ou audiovisual foi localizado.

Professor da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), pesquisador e agitador cultural, ele decidiu resgatar esse marco da cultura local em parceria com Cristiano Barbosa, responsável por produções como “Rock de Ubercity”. Juntos, assinam o roteiro do documentário “O Som e o Eco”, aprovado no Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC).

“Nosso objetivo é dar mais visibilidade à importância histórica desse festival na cidade, que desde 2005 está no mapa dos festivais independentes de música. O documentário é nossa forma de contar a história desse concerto e avaliar seus desdobramentos na cultura local e regional”, explica Lu.

A Feira Livre do Som de 1972 aconteceu no ginásio do então, denominado, Palácio dos Esportes de Uberlândia, hoje Uberlândia Tênis Clube (UTC). Mais de cinco décadas depois, em uma cidade que ultrapassa os 700 mil habitantes, o Espaço Uberbrau será o cenário para as novas apresentações.

Foram convidados artistas que dialogam com o espírito inquieto da geração de 1972: Alessandro Terras Altas canta Serguei, Cachalote Fuzz revisita O Terço, Maria Dias interpreta Os Mutantes, Duo Country representa Sá, Rodrix & Guarabyra e Vaine homenageia Tim Maia. Cada um fará um pocket show com cinco músicas, incluindo a releitura do repertório histórico.

A ambientação sonora ficará por conta do projeto Merece Uma Agulha, de Marcus Tulius Morais, com discotecagem em vinil de clássicos lançados entre 1968 e 1974 — período que também será explorado no documentário.

“A dança era algo muito forte nessa época. Os shows eram uma convergência das artes da música, da dança e do teatro. Queremos convidar a todos para compartilharem desse crossover temporal com a gente. É só chegar”, finaliza Lu.

SERVIÇO
O QUE: Feira Livre do Som – 53 Anos Depois
QUANDO: sábado, 20 de setembro
LOCAL: Espaço Uberbrau (Av. Espanha, 377, bairro Tibery)
HORÁRIO: 20h
ENTRADA: gratuita
CLASSIFICAÇÃO: Livre
MAIS INFORMAÇÕES: @o_som_e_o_eco
SHOWS: Alessandro Terras Altas | Cachalote Fuzz | Duo Country | Mari Dias | Vaine | Discotecagem: Merece Uma Agulha
INCENTIVO: PMIC – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Uberlândia
PRODUÇÃO: O Sopro do Tempo e FAUeD-UFU
APOIO: LIS-UFSJ, UEMG (a ditadura em Minas Gerais) e Espaço Uberbrau
ASSESSORIA DE IMPRENSA: Adreana Oliveira

CONHEÇA AS ATRAÇÕES
ALESSANDRO TERRAS ALTAS: O mineiro Alessandro Terras Altas chegou para somar. Cantor, compositor e multiartista, tem canções que brotam das Minas Gerais, inspiradas pelo congado, pelas festas populares e pelo legado do Quilombo do Ambrósio. Com ele a música se torna uma experimentação viva, que se reinventa a cada apresentação, transformando o palco em território de memória, cena e canto com um som afrocentrado, político e afetivo. É um convite para um aquilombamento dançante e vibrante. Presente em várias trilhas de audiovisuais, em nosso festival ele trará também um sucesso de Serguei com uma leitura exclusiva.

CACHALOTE FUZZ: Formado em Uberlândia há 11 anos, a banda Cachalote Fuzz tem paixão pela música brasileira e toda a sua diversidade. Estão preparando álbum novo junto com o pernambucano Tagore, parceiro de longa data da banda, que também estará no palco. A Cachalote Fuzz vai levar um show imperdível para a Feira Livre do Som 2025 e além do repertório próprio será a representante d´O Terço, atração de 1975.

DUO COUNTRY: Formado em Uberlândia em 2021, o duo apresenta um espetáculo festivo e clássico, destacando o Country, Rockabilly, Blues & Jazz. Além de requisitados para shows em Uberlândia e região, já se apresentaram em festivais nacionais como Capital Moto Week (DF) e casas como Bolshoi Pub (GO), Gaz Burning (SP), entre outros. Além do trio brasileiro, o público pode esperar clássicos de Johnny Cash a JJ Cael, passando por Willie Nelson e Hank Williams, entre outros.

MARI DIAS: Desde 2016 Mari Dias vem trilhando seu caminho na música desde 2016, transitando entre as artes cênicas e as artes vocais. Começou na música na banda Santo Groove, que tinha um repertório que contemplava soul e black music brasileira e internacional. Reconhecida em Uberlândia pela voz marcante e potente, conquistou espaço em festivais locais. Na Feira Livre do Som 2025, Mari Dias vai lançar sua primeira música autoral: “Jacarandá Couraça”, uma composição de Alessandro Terras Altas, outra atração do festival. No mais, ela prepara um espetáculo em à inigualável banda Os Mutantes, reverenciando a irreverência e a liberdade criativa da Tropicália como inspiração para o diálogo entre passado e presente.

VAINE: O artista visual e rapper Vaine, nascido na zona leste de São Paulo, adotou Uberlândia como seu novo lar e foi aqui no Triângulo Mineiro que ele se tornou uma das principais vozes do rap autoral. Esse estilo que Vaine abraça desde a adolescência é uma ferramenta de autoestima e expressão diante de uma juventude marcada pelo racismo e pela insegurança. Vaine costuma dizer que não segue tendências, constrói caminhos. Ninguém melhor para representar Tim Maia!