Também chamada de amnésia glútea, condição pode trazer sérias consequências para o corpo; entenda os sinais e veja como prevenir.
O ortopedista e traumatologista Márcio Godinho, da Hapvida, explica que a condição, embora pouco conhecida pela população em geral, tem afetado cada vez mais pessoas, impactando diretamente a qualidade de vida
Pode parecer piada, mas é assunto sério: a síndrome da bunda morta, como ficou popularmente conhecida a amnésia glútea, é um problema real que vem ganhando destaque entre os ortopedistas. E os culpados podem estar mais próximos do que você imagina: o excesso de tempo sentado, seja no trabalho, no sofá ou no carro, além do sedentarismo aliado ao uso excessivo da tecnologia para tarefas simples.
O alerta é feito pelo ortopedista e traumatologista Márcio Godinho, da Hapvida. Ele explica que a condição, embora pouco conhecida pela população em geral, tem afetado cada vez mais pessoas, impactando diretamente a qualidade de vida, já que é responsável por desencadear dores e lesões a quem não trata a tempo.
“A amnésia glútea é a inibição da ativação adequada dos músculos glúteos (máximo, médio e mínimo). Eles não deixam de funcionar por completo, mas ficam enfraquecidos e deixam de ser ativados da forma correta. Com isso, o corpo começa a compensar o esforço usando outros músculos, como isquiotibiais, quadríceps e músculos da lombar”, explica o médico.
O resultado? Desalinhamentos posturais, sobrecarga muscular e dores crônicas que muita gente trata sem saber a verdadeira causa.
Desligando os glúteos
Segundo o ortopedista, dentre os fatores que contribuem diretamente para o aumento dos casos na população, estão hábitos simples ligados ao sedentarismo, como o uso excessivo do carro para pequenas distâncias, desenvolvimento de trabalho em regime home-office e a “comodidade tecnológica” (como pedir comida por aplicativo e usar controle remoto até para apagar a luz).
“Pessoas que permanecem mais de 6 horas por dia sentadas chegam a ter até 30% menos ativação glútea. E isso gera um desequilíbrio: enquanto os glúteos enfraquecem, músculos como o psoas (um flexor do quadril) encurtam e assumem a função de sustentação, sobrecarregando outras áreas do corpo”, detalha.
E não para por aí: até mesmo na academia, se os exercícios como agachamentos ou levantamento terra forem feitos com execução inadequada, eles podem estimular mais os músculos da lombar e das coxas, deixando os glúteos ainda mais inativos. “Isso é comum em pessoas que desenvolvem dores na lombar ou no quadril e não conseguem evoluir nos treinos”, reforça o especialista.
Sinais do corpo
Embora o nome chame atenção, a síndrome da bunda morta traz sinais específicos e até curiosos que podem ajudar no diagnóstico. O ortopedista Márcio Godinho lista quatro dos mais comuns:
– Sinal do Bolso Vazio: ao levantar-se de uma cadeira, uma das nádegas parece “frouxa”, sem contração, como se houvesse um buraco ali.
– Sinal da Selfie do Quadril: ao caminhar, o quadril sobe demais de um dos lados, como se a pessoa estivesse desfilando exageradamente.
– Sinal da Bunda de Pato: o paciente exibe uma postura com hiperlordose lombar e o quadril empinado, resultado de glúteos incapazes de sustentar a pelve.
– Sinal da Cozinha: ao ficar muito tempo em pé, como lavando louça, a pessoa tende a apoiar o tronco na pia para compensar a fraqueza glútea.
“Se o paciente apresentar mais de três desses sinais, é bastante provável que esteja com amnésia glútea”, observa o médico.
Consequências reais
Ignorar a síndrome da bunda morta pode levar a problemas ortopédicos sérios e persistentes. O ortopedista explica que dores na região lombar, tendinites no quadril, inflamações nos glúteos e até a síndrome do piriforme (compressão do nervo ciático causada por um músculo compensatório) estão entre os riscos.
“Essa condição compromete a biomecânica natural do corpo. O paciente pode apresentar cansaço muscular ao subir escadas, dores ao correr ou mesmo desconforto ao permanecer muito tempo em pé. Muitas vezes, essas queixas são tratadas como problemas isolados, sem abordar a causa real: a inibição dos glúteos”, destaca o ortopedista da Hapvida.
Há tratamento?
A boa notícia é que sim, a síndrome da bunda morta tem tratamento. Com orientação profissional, é possível reverter o quadro em cerca de quatro a oito semanas. “O tratamento envolve a reativação dos músculos glúteos, com exercícios específicos, progressivos e executados corretamente. O acompanhamento com fisioterapeutas ou educadores físicos é essencial”, orienta o profissional.
Além disso, fugir do sedentarismo e incluir algumas práticas simples para ativar o glúteo no cotidiano podem ajudar na prevenção contra o desenvolvimento da condição.
Dicas para ativar os glúteos (cujas execuções devem ser orientadas por um profissional habilitado)
Confira alguns exercícios indicados para prevenir a bunda morta:
EM CASA
- Ponte glútea – 3 séries de 12 repetições;
- Clamshell com faixa elástica – 3 séries de 15 repetições por lado;
- Hip thrust com banco ou sofá – pode usar mochila ou livros como peso adicional.
NO TRABALHO
- Marcha sentada com faixa – afaste os joelhos contra a resistência da faixa elástica;
- Contração isométrica dos glúteos – sentado ou em pé, contraia os glúteos o máximo que conseguir por 10 segundos;
- Liberação com bola de tênis – sente-se sobre a bola e movimente o corpo para aliviar tensões.
Sobre a Hapvida
Com cerca de 80 anos de experiência, a Hapvida é hoje a maior empresa de saúde integrada da América Latina. A companhia, que possui mais de 71 mil colaboradores, atende quase 16 milhões de beneficiários de saúde e odontologia espalhados pelas cinco regiões do Brasil.
Todo o aparato foi construído a partir de uma visão voltada ao cuidado de ponta a ponta, a partir de 87 hospitais, 78 prontos atendimentos, 351 clínicas médicas e 299 centros de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial, além de unidades especificamente voltadas ao cuidado preventivo e crônico. Dessa combinação de negócios, apoiada em qualidade médica e inovação, resulta uma empresa com os melhores recursos humanos e tecnológicos para os seus clientes.