Pessoas idosas exigem atenção redobrada no frio

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Médica alerta para riscos e cuidados no inverno.

Com mais de 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos no Brasil, segundo o IBGE, os cuidados com a faixa etária durante o inverno se tornam cada vez mais urgentes. As baixas temperaturas podem desencadear problemas de saúde sérios, como hipotermia, agravamento de doenças crônicas e desidratação. Verônica Reis, geriatra do Hospital Madrecor, unidade da Hapvida em Uberlândia-MG, explica os principais riscos e orienta sobre medidas preventivas.

Segundo a médica, o frio impacta diretamente o organismo da população com idade mais avançada. “Com o envelhecimento, o corpo perde a capacidade de manter a temperatura interna estável. Isso causa mais vulnerabilidade à hipotermia, mesmo em ambientes que para outras pessoas seriam apenas frescos”, explica. Além disso, doenças crônicas, como hipertensão e problemas cardíacos, podem se agravar durante o período frio.

Outro risco comum é a desidratação. Apesar de a baixa temperatura reduzir a sensação de sede, o organismo continua perdendo líquidos, especialmente se houver o uso de aquecedores. “A hidratação não pode ser negligenciada, mesmo quando não se sente sede. A água é essencial para o bom funcionamento do corpo, inclusive para evitar infecções urinárias, muito comuns entre pessoas idosas”, pontua a geriatra.

Cuidados preventivos
Para proteger a saúde, a médica recomenda uma série de cuidados simples, mas eficazes.

Agasalhos adequados: roupas em camadas, meias e toucas ajudam a manter a temperatura corporal. “É importante proteger também extremidades, como pés e mãos, que esfriam mais rápido”, orienta.

Ambientes aquecidos e ventilados: evitar locais com corrente de ar e manter a casa aquecida sem abrir mão da ventilação, para prevenir o acúmulo de vírus e bactérias.

Alimentação balanceada: refeições quentes e ricas em nutrientes fortalecem o sistema imunológico.

Vacinação em dia: “A vacinação contra a gripe e outras doenças respiratórias é fundamental nesta época do ano”, destaca.

Hidratação constante: mesmo sem sede, é preciso manter a ingestão regular de líquidos.

Segundo a médica, muitas pessoas se queixam de dores articulares quando esfria. “Isso pode ser amenizado com bastante alongamento, compressas mornas e hidratação”, sugere.

Como agir em casos de emergência 
Mesmo com todos os cuidados, situações de emergência podem acontecer, especialmente nos dias mais frios. Verônica Reis orienta sobre os sinais de alerta e como agir rapidamente.

Hipotermia: ao apresentar tremores intensos, pele pálida ou fria ao toque, confusão mental, fala arrastada ou sonolência incomum, pode-se estar com a temperatura corporal abaixo do normal. “Leve-o imediatamente para um local aquecido, retire roupas úmidas (se houver), ofereça líquidos quentes e acione o serviço de emergência”, orienta a médica.

Descompensação de doenças crônicas: aumento súbito da pressão arterial, dor no peito ou falta de ar podem indicar agravamento de doenças cardiovasculares. “Nesses casos, mantenha o paciente calmo, sentado ou deitado com a cabeça elevada, e procure atendimento médico com urgência”, diz Verônica Reis.

Desidratação silenciosa: confusão mental, queda de pressão, boca seca e urina escura são sinais de alerta. “Neste caso, ofereça água, sucos naturais ou bebidas isotônicas e procure orientação médica”, orienta.

A médica reforça que, diante de qualquer sinal incomum, não hesite em buscar ajuda. “Quanto mais cedo a intervenção, maiores as chances de evitar complicações graves.”

Para finalizar, Verônica Reis destaca que a atenção aos detalhes faz toda a diferença. “Um simples resfriado pode ter consequências graves em um organismo mais fragilizado. Por isso, o cuidado deve ser constante e redobrado no inverno”, conclui.