Qual a mensagem por trás do show de Gaga?

0

Depois do imenso sucesso do show de Lady Gaga no Rio de Janeiro, com repercussão mundial, um olhar original sobre o que se viu em Copacabana, nos ajuda a compreender o que lá aconteceu. Gaga atravessou pontualmente a passarela que unia o palco ao hotel Copacabana Palace, que se sobrepôs a Avenida Atlântica pontualmente às 21:30. Vermelho e preto foram as cores da abertura, ela sendo Gaga, sempre subversivamente criativa. Uma população de mais de dois milhões de pessoas foi assistir o show. Muitos dormiram na beira do palco para ver a ídola.

Gaga é uma forte defensora dos direitos LGBTQIAPN+, saúde mental e outras causas sociais. Deixou uma mensagem em Copacabana. Cantora e detentora de enorme influência na indústria musical, Gaga foi considerada a 5ª maior estrela da música pop do século XXI, pela revista Billboard, em 2024. Ou seja: é quente.

Mas não é sua posição no ranking que chancela a sua relevância. A marca de Lady Gaga é o humanismo. Não objetizada, Lady Gaga é uma mulher consistente. Naquela noite, não havia solidão na praia. Qualquer grupo que já se sentiu diminuído ou alienado, ali se encontrava integrado. Lady Gaga costurou o tecido social. O compromisso ideológico de Gaga se cumpriu. Entre Abracadabra e Bad Romance, culturas diferentes, caracterizadas por estilos diferentes, se aglomeraram à beira do palco. Leques infinitos cortaram o vento nas mãos de seus fãs.

Quem quiser criticar e dizer que Gaga é isso ou aquilo, que atentados quase ocorreram e que tudo lá era obscuro ou satânico, corre o risco de esbarrar na verdade: Lady Gaga foi uma lady. Nada mais tentador do que destruir aquilo que cravou de sentido o show da autora: Gaga é imune às críticas e a qualquer impacto emocional ou midiático. O show reuniu no Rio de Janeiro todas as categorias. A questão de gênero foi ultrapassada pelos jovens, idosos, mulheres e por quem que adora música.

Aos pés do Copacabana Palace, à beira da praia, cheia de bossa, Gaga selou uma noite sublime e cravou no peito de quem a assistiu dois matizes: coragem e liberdade. Debaixo de cada um dos drones que sobrevoaram aquele mar infinito de gente, uma super potência em ascensão: o direito de ser o que se quer ser num país que tem tratado e com seriedade da homofobia, dos discursos de ódio e violência.

Lady Gaga hoje é casada e também feminista, pois constelou com muitas mulheres em várias oportunidades do show. Não só por trabalhar em equipe com muitas mulheres de bailarinas à produtoras, mas por também lhes dar voz. No lugar comum, de uma forma muito feminista canta “Baby, it hurts. When the sun goes down”, numa de suas canções mais populares.

Seja na forma de fãs, little monsters or not, Gaga atraiu uma multidão. Mais uma vez foram sufixadas as vozes dissonantes.

Maria Inês Vasconcelos Rodrigues de Oliveira – Advogada, pesquisadora, professora universitária e escritora