IA e cirurgia robótica aprimoram precisão no tratamento do câncer, mas desafios persistem

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A Inteligência Artificial (IA) e a cirurgia robótica estão revolucionando o tratamento oncológico, oferecendo personalização de terapias e maior precisão em procedimentos. Entretanto, desafios como resistência à adoção de novas tecnologias e disparidades no acesso ainda são obstáculos significativos, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. É o que aponta o oncologista Dr. Rodolfo Gadia, do Hospital Mater Dei Santa Genoveva.

IA na Oncologia
Segundo o especialista, a IA já é uma realidade na oncologia, auxiliando na personalização de doses de radioterapia e quimioterapia. “Algoritmos de aprendizado de máquina analisam grandes volumes de dados de imagens médicas, como tomografias e ressonâncias, para prever a resposta do tumor à radiação e sugerir planos personalizados”, explica Gadia.

Na quimioterapia, a tecnologia também otimiza a escolha de medicamentos. “Algoritmos identificam padrões em dados genômicos e clínicos, permitindo a seleção de drogas mais eficazes para cada paciente. Isso é a essência da oncologia de precisão”, afirma o médico.

Cirurgia Robótica
O Dr. Gadia esclarece que a cirurgia robótica tem ganhado espaço na oncologia, por sua capacidade de preservar tecidos saudáveis e acelerar a recuperação. “Em casos como câncer de próstata, a prostatectomia robótica preserva nervos, reduzindo riscos de incontinência e disfunção erétil”, destaca.

A técnica também impacta a necessidade de tratamentos adjuvantes:
– No câncer colorretal, a dissecção precisa de linfonodos pode evitar quimioterapia complementar, dependendo do estágio pós-operatório.

– Para tumores ginecológicos e pulmonares, a excisão robótica minimiza margens positivas e reintervenções.

Apesar dos benefícios, a adoção no Brasil é limitada. “O custo elevado do equipamento e a falta de infraestrutura restringem o acesso, concentrando a tecnologia em grandes centros urbanos”, lamenta o especialista.

Desconfiança e a busca por transparência
Por outro lado, a adoção de IA ainda enfrenta resistência. “Médicos e pacientes desconfiam da precisão dos algoritmos e temem a substituição do cuidado humano”, comenta Gadia. Para superar isso, ele defende:

– Educação continuada: treinamentos para profissionais e materiais explicativos para pacientes.

– Validação clínica: “Algoritmos devem ser testados em estudos robustos e regulamentados”, reforça.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) ressalta que a IA é uma ferramenta complementar, não substituta. “A tecnologia libera o médico para focar no atendimento humanizado”, concorda Gadia.

Futuro promissor, mas com obstáculos
Para o Dr. Gadia, o futuro da oncologia passa pela integração de tecnologias. “IA e robótica salvam vidas, mas precisamos garantir que todos tenham acesso, não apenas uma minoria”, conclui. Enquanto isso, a comunidade médica e gestores públicos enfrentam o desafio de equilibrar inovação e equidade.