A pequena Isis precisou ficar internada 34 dias, após complicações devido à prematuridade
O mês de novembro ganha uma cor especial: o roxo, que simboliza a luta contra a prematuridade e a conscientização sobre a importância de um pré-natal completo e cuidadoso. No Brasil, cerca de 10% dos nascimentos acontecem antes do tempo, representando um desafio tanto para a saúde dos bebês quanto para as famílias, que enfrentam a dor e o medo ao verem seus pequenos em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIs). Embora alguns casos de prematuridade sejam inevitáveis, a boa notícia é que muitas dessas situações podem ser prevenidas com o acompanhamento adequado durante a gestação. É este o foco da campanha Novembro Roxo: sensibilizar a sociedade sobre a importância do cuidado pré-natal e os riscos da prematuridade, uma das principais causas de mortalidade infantil no país.
Considera-se prematuro o bebê que nasce antes das 37 semanas de gestação. A prematuridade pode ser classificada em diferentes graus: prematuro tardio (nascido entre 34 e 36 semanas), prematuro moderado (nascido entre 32 e 33 semanas), prematuro muito extremo (nascido entre 28 e 31 semanas) e prematuro extremo (nascido antes das 28 semanas). Quanto menor a idade gestacional, maiores os riscos de complicações e de sobrevivência para o bebê.
Para a pediatra e neonatologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Virgínia Lira, a prevenção é simples, mas poderosa: o pré-natal adequado. “Não basta fazer apenas algumas consultas. É preciso um acompanhamento constante e atento, com exames de rotina e monitoramento de possíveis complicações. Esse cuidado pode fazer toda a diferença para evitar um parto prematuro ou, caso ele seja necessário, para planejar as melhores intervenções”, explica a especialista. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o 10° lugar entre os países com maior número de nascimentos prematuros, um dado alarmante que reforça a importância dessa conscientização.
Uma história de coragem e esperança
A gerente de vendas Larissa Silveira Freitas, 38, viveu momentos de angústia quando com 30 semanas de gravidez a bolsa se rompeu, sem entrar em trabalho de parto, ou seja, foi diagnosticada com bolsa rota. Ela deu entrada no Hospital Madrecor, complexo hospitalar da Hapvida NotreDame Intermédica, em Uberlândia-MG, e ficou internada até completar as 34 semanas (26 dias) quando a sua bebê estava pronta para nascer. No dia 17 de setembro, Isis Freitas Agostinho veio ao mundo, por meio de uma cesariana. “Ela nasceu bem, e me deu um certo alívio de pensar que eu tinha passado por tudo aquilo, e ela já estava nos meus braços. Porém, não poderia imaginar que o pior ainda estava por vir”, relata a paciente.
Após o nascimento, em questão de minutos, Isis sofreu uma parada cardiorespiratória, devido à prematuridade. “Quando nasceu, minutos depois, ela sofreu uma parada cardiorespiratória. Ela foi reanimada durante 15 minutos, todavia teve de ir para a UTI Neonatal e ficou intubada. Meu esposo e eu fomos do céu ao inferno. Foi um período traumático, porque quando pensamos que estava tudo bem, de repente ela já estava na UTI, respirando com ajuda de aparelhos”, conta a mãe.
“Ao longo de todo esse período, vivemos uma montanha russa de emoções. Durante o tempo que a Isis ficou intubada, ela enfrentou diversos problemas, mas nós sempre estávamos confiantes na equipe médica. Toda a equipe nos deu força e segurança para passar por isso. O acolhimento, a humanização praticada pelo Hospital Madrecor nos fortaleceu. Fomos muito bem assistidos, desde a minha internação”, comenta.
Após 34 dias de internação, Isis teve alta no último dia 21 de outubro. “Ela está bem e sem sequelas. Ela nasceu com 2,1 kg, porém, com o processo ela chegou a 1,7 kg e recebeu alta pesando 2,2 kg”, celebra a mãe. “Seremos sempre gratos à equipe de médicos, enfermeiros e profissionais do Madrecor”, emenda.
Acolhimento
A coordenadora da UTI Neonatal do Hospital Madrecor, Fabrícia Sobrinho, salienta que dar o suporte necessário para os pais, durante o período em que o bebê está internado, é essencial. “Nós prezamos muito pelo acolhimento de toda a família. Temos várias ações para que isso seja bem-sucedido, especialmente por meio de atividades que fazem parte do projeto “Apaixonados pela Vida” da Hapvida NotreDame Intermédica. Uma das ações é o Momento Soninho que nós implementamos em julho de 2023”, informa.
O “Momento Soninho” é realizado na UTI Neonatal. Três vezes ao dia, bebês prematuros e recém-nascidos ganham uma hora de descanso especial. Nesses períodos, a luz do ambiente é mantida com a intensidade que remete à aurora boreal e músicas relaxantes são executadas para que os pequenos pacientes possam dormir com tranquilidade.
O procedimento exige manejo mínimo dos bebês. É o que afirma a coordenadora de da UTI Neonatal, Pediátrica do Madrecor, Fabrícia Sobrinho. “Durante uma hora, não devem ser feitos procedimentos, coletas de exames e medicações. Ou seja, os bebês devem permanecer com o máximo de tranquilidade possível. Somente é permitido tocar nas crianças se houver alguma intercorrência que exija atendimento de emergência”, explica.
A médica acrescenta que a conduta favorece o estado clínico dos bebês. “Além de manter as crianças mais calmas, acolhidas e amadas, o momento do sono é responsável pelo crescimento e pelo ganho de peso, isso do ponto de vista fisiológico em função dos hormônios, além do desenvolvimento neurológico e pulmonar, trazendo uma melhora no quadro clínico significativa”, informa.
Sobre a campanha Novembro Roxo
Fabrícia Sobrinho reforça que a campanha Novembro Roxo é muito importante. “Reforçar a informação de que a prevenção é o maior presente que os pais podem dar aos filhos, com acompanhamento médico adequado e o amor incondicional da família, pode fazer toda a diferença na jornada que começa ainda na gestação. Além disso, oferecer um cenário ainda mais acolhedor para os bebês recém-nascidos e suas famílias, nas unidades hospitalares, por meio de uma experiência de conforto, silêncio e tranquilidade, faz toda a diferença”, finaliza.