Novas descobertas científicas reforçam as preocupações, já existentes, sobre os danos à saúde causados pelo cigarro e vaping. Além dos prejuízos pulmonares bem documentados, foi identificado que esses hábitos contêm substâncias tóxicas que também têm efeitos adversos significativos no coração. Elementos químicos presentes nesses produtos têm sido associados ao aumento da pressão arterial, do mau colesterol e dos níveis de triglicerídeos, bem como à promoção da formação de placas de gordura nas artérias, exacerbando um ambiente propício à inflamação.
De acordo com dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as consequências mortais do tabagismo e do uso de cigarros são alarmantes, contribuindo para mais de 8 milhões de mortes anualmente. Dessas fatalidades, mais de 7 milhões resultam do consumo direto de produtos do tabaco, enquanto o tabagismo passivo está associado a um adicional de mais de 1,2 milhão de mortes. A relação perigosa entre o tabaco e as doenças cardíacas é ainda mais preocupante, com 20% das mortes ligadas a problemas cardiovasculares atribuídas ao tabagismo.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) ressalta que os fumantes enfrentam uma redução média de 10 anos em sua expectativa de vida. Alarmantemente, cerca de 170 mil mortes anuais no Brasil, atribuíveis aos impactos nocivos do cigarro, poderiam ser evitadas. O espectro de consequências relacionadas ao tabagismo inclui não apenas doenças cardíacas, que causam aproximadamente 33 mil mortes anuais no país, mas também câncer, enfermidades pulmonares graves e distúrbios circulatórios, solidificando a necessidade premente de abordagens eficazes de prevenção e conscientização.
O Dr. Conrado Lelis Cecon, da rede Mater Dei em Uberlândia, explicou que o tabagismo está estreitamente ligado ao aumento dos níveis de colesterol no sangue, afetando vários aspectos do perfil lipídico. Isso inclui o colesterol total, LDL-colesterol (considerado “ruim”), triglicerídeos e apolipoproteína B100, um componente chave das lipoproteínas de baixa densidade (LDL), associadas ao risco cardiovascular. Além disso, fumantes tendem a apresentar níveis de HDL-colesterol (o “bom” colesterol) significativamente mais baixos.
O especialista destacou que a nicotina desempenha um papel crucial nesse processo. A substância, presente nos cigarros, é responsável pela diminuição do HDL e pelo aumento do LDL. Além disso, a fumaça do cigarro contém mais de 5.000 componentes químicos, muitos dos quais prejudiciais à saúde humana. Alguns desses produtos químicos também podem influenciar o metabolismo e a produção de colesterol, intensificando os riscos.
Em relação ao uso de cigarros digitais e o vaping, essas alternativas também não estão isentas de riscos. Embora emitam menos substâncias químicas prejudiciais do que os cigarros convencionais, a presença da nicotina nesses dispositivos ainda representa um perigo, especialmente para os jovens. O vapor gerado em altas temperaturas pode converter substâncias em compostos nocivos, com possível impacto nas doenças pulmonares inflamatórias.