Termo ficou popular na internet: fazer o mínimo esforço possível para realizar as tarefas do trabalho
A “demissão silenciosa”, também conhecida como quiet quitting, do original em inglês, é um tema que tem levantado muita discussão nas redes sociais: por se sentir desmotivado, o funcionário tem atitudes intencionais e conscientes de fazer o mínimo que puder para realizar o trabalho necessário.
Segundo a professora de Administração da Faculdade Anhanguera, Juliana Palazzo, esse fenômeno tem origem em algumas situações: empresas que funcionam no formato de gestão vertical; empregadores que não sabem como reter talentos e desconhecem ferramentas de gestão; e colaboradores que estão preocupados em manter o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional, com foco nas suas necessidades individuais.
“O que podemos entender com o surgimento desse fenômeno é um pedido de mudança na cultura empresarial que valoriza a relação com os viciados em trabalho, dessa forma, atribuindo uma nova regra a ser seguida dentro dos departamentos”.
Na opinião da especialista, o gestor deve mapear e entender o que motiva o comportamento displicente, para que outros funcionários não acabem contaminando: é preciso colocar em prática atitudes emergenciais e ferramentas de gestão para chegar às raízes do problema, avaliações de desempenho para mensurar a produtividade individual de cada colaborador, premiando e recompensando os melhores resultados.
“Empresas que estão empenhadas em comunicar com clareza os objetivos e expectativas aos funcionários, certamente, terão maior facilidade em resolver problemas no futuro. Mas, para isso, é necessário estabelecer uma cultura organizacional sólida, transparente e sem ruídos”.
Juliana acrescenta que ações reativas e preventivas como pesquisas de clima organizacional sobre os métodos de trabalho e metas, bem como a promoção de encontros regulares e informais podem resgatar a motivação dos colaboradores. Além disso, a adoção das práticas de gestão horizontal, em que o colaborador se sente importante e parte do processo, comunicação direta de forma transparente, objetiva e com feedbacks melhoram o clima na empresa.
“Pessoas abertas ao diálogo dentro do ambiente profissional tendem a ter maturidade para a resoluções de problemas, pois tem facilidade em expor as expectativas, sugestões e dificuldades a gestão. Transmitir o que deseja a partir de uma comunicação clara e objetiva fará com que o líder consiga avaliar uma solução de acordo aos objetivos profissionais e pessoais do colaborador, e caso não seja, o posicionamento de solicitar a demissão pode ser necessário”.
Outro ponto que a especialista aponta como primordial para motivar os colaboradores é a criação e aplicação de um plano de carreira, pois grande parte não percebe uma definição clara sobre seus cargos, objetivos e oportunidades de crescimento. Nesse sentido, investir em educação formal e continuada de qualidade, capacitações e treinamentos podem tornar o trabalho mais fácil – e consequentemente mais eficiente.
A professora lembra ainda que durante a pandemia de Covid-19, com o trabalho home office, colaboradores acumularam funções e carga horária, e as fronteiras entre descanso e trabalho foram desfeitas.
“Vivemos um novo cenário com uma lista infinita de demandas e metas que crescem gradativamente. Por conta dessa sobrecarga do dia a dia é importante encontrar um local de trabalho com uma cultura saudável, que dialogue com os colaboradores através de uma comunicação interna bem estrutura e focada no relacionamento e bem-estar entre empregados e empregadores”, finaliza a docente.