Leucemia: segundo mês do ano marca a luta contra o nono tipo de câncer mais comum no Brasil

0

Santa Genoveva Complexo Hospitalar conscientiza sobre doença que acomete milhares de pessoas no mundo.

Muito mais que folia, marchinhas e feriado prolongado, o segundo mês do ano é caracterizado por ser um marco na luta contra as leucemias. A campanha Fevereiro Laranja tem o objetivo de alertar sobre o tipo de câncer que afeta o sistema sanguíneo e que acomete milhares de pessoas no mundo, todos os anos.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para novos casos da doença pode chegar a 10.810, sendo 5.920 homens e 4.890 mulheres. Por conta desses dados, a leucemia ocupa a nona e décima posição, conforme o sexo, em frequência de tipo de câncer.

O que é leucemia?

A leucemia é um tipo de câncer que acomete as células sanguíneas responsáveis pela defesa do organismo, os leucócitos. De acordo com o médico hematologista e responsável pelo Transplante de Medula Óssea do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Dr. Virgílio Farnese, os tipos mais graves da doença são as leucemias agudas, sendo as mais frequentes a Linfoblástica e a Mieloide: “A doença pode acometer todas as idades, sendo a leucemia linfoblastica aguda mais comum na infância e as leucemias crônicas e a mieloide aguda em adultos e idosos”, explica.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam as chances de cura, por isso os especialistas alertam para sintomas como anemia, cansaço e fadiga, queda da imunidade, baixa de contagem de plaquetas infecção, febre, hematomas e sangramentos espontâneos.

O diagnóstico da leucemia é feito por meio de exames laboratoriais, como o hemograma, mas deve incluir ainda exames de bioquímica, de coagulação, além do mielograma, imunofenotipagem, cariótipo e exames genéticos da medula óssea.

O Transplante de Medula Óssea

Mantendo a trajetória de pioneirismo, em 14 de março de 2018 o Santa Genoveva Complexo Hospitalar foi o primeiro hospital de Uberlândia a realizar um Transplante de Medula Óssea Autólogo. Desde então, o Santa Genoveva já realizou 51 procedimentos.

O Transplante de Medula Óssea é um tratamento de alta tecnologia e complexidade. O procedimento é fundamental no tratamento e na busca pela cura de neoplasias hematológicas, como Linfoma, Mieloma Múltiplo e Leucemia, além de alguns tumores sólidos, como o Tumor de Testículo. Vários estudos também têm revelado resultados promissores em doenças autoimunes como o Lúpus e Esclerose Múltipla.

Quando o Transplante de Medula Óssea é indicado?

O hematologista explica que o TMO é indicado de acordo com o tipo de leucemia, gravidade da doença, status físico do paciente e a resposta inicial ao tratamento. “Não é possível escolher por esse tipo de tratamento logo no início. Mesmo em casos graves, antes do TMO, o paciente deve ser submetido à uma fase do tratamento antineoplásico, para, só depois, realizar o transplante”, afirma o hematologista.

Segundo o médico, as Leucemias Agudas são tratadas com quimioterapia e o Transplante de Medula Óssea é reservado para casos de alto risco ou aqueles em que a doença não responde ao tratamento inicial. “As chances de recaída após resposta inicial variam conforme o tipo de leucemia e a presença de mutações genéticas. O TMO é capaz de aumentar as chances de cura e diminuir o risco de recaída da leucemia em pacientes de alto risco ou com falha ao tratamento inicial. É muito importante conscientizar as pessoas que, mesmo frente às doenças graves como as Leucemias, é possível buscar a cura ou melhorar a qualidade de vida por meio de um tratamento adequado”, pondera o Dr. Virgílio Farnese.

Tratamentos indicados

O tratamento das Leucemias Agudas é realizado com quimioterapia. As Leucemias Crônicas podem ser tratadas com quimioterapia ou com medicamentos orais, que inibem algumas mutações que são investigadas no diagnóstico da doença, como no caso da Leucemia Mielóide Crônica e Leucemia Linfocítica Crônica.

Além disso, novos medicamentos que atuam em alvos específicos foram aprovados recentemente no tratamento das leucemias agudas, o que pode melhorar o prognóstico dos casos graves e refratários, permitindo que seja realizado o transplante.

O TMO e a pandemia

Somente no primeiro semestre de 2019, foram realizados 1621 Transplantes de Medula Óssea no Brasil. É o que apontou o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos – ABTO. Desses, 1008 foram de transplantes autólogos, ou seja, a modalidade que usa as células do próprio paciente.

Infelizmente, devido à pandemia, esse número caiu 20% em 2020. No Santa Genoveva Complexo Hospitalar não foi diferente, como explica o Hematologista do Santa Genoveva Complexo Hospitalar, Dr. Luiz Cláudio de Carvalho Duarte.

“Na pandemia, inicialmente suspendemos a realização do transplante e depois reiniciamos, com todas as medidas de segurança necessários ao paciente, de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea. Felizmente, não tivemos nenhum caso de infecção por coronavírus durante o procedimento”.

Quando o Transplante de Medula Óssea Autólogo é indicado?

O TMO pode ser autólogo, quando o próprio paciente é o doador da medula, e alogênico, quando a medula vem de um doador.

“Quando o paciente é diagnosticado com uma patologia elegível ao transplante de medula óssea, primeiramente ele deve iniciar o tratamento de sua doença e, somente após a avaliação da resposta a este tratamento, ele realizará o procedimento do transplante”, explica Dr. Luiz Cláudio.

Foi o caso de Sandra Carneiro, a paciente de número 51, que recebeu em 2019 o diagnóstico de linfoma de Hodgkin: “O diagnóstico demorou um pouco porque eu já vinha há mais de um ano com vários sintomas. Comecei com cansaço e exaustão, depois veio o emagrecimento abrupto, insônia, sudorese e coceira. E por último, eu perdi a voz.  Foi quando procurei um otorrinolaringologista e contei todos os outros sintomas. Ele associou tudo e me encaminhou para o Dr. Luiz”, explica Sandra.

Um ano depois de começar o tratamento, Sandra recebeu o diagnóstico de uma recidiva do linfoma de Hodgkin no pulmão, e então apareceu a sugestão do Transplante.

“Quando soube como era o transplante autólogo eu fiquei encantada, por que a gente tem uma ideia de ser muito invasivo, muito corte, mas não é nada disso. O processo é muito simples e o resultado é maravilhoso, as células serem da nossa própria medula é muito incrível”.

Infelizmente, o TMO autólogo ainda não atende a todos os casos, como explica Luiz Cláudio. “O transplante autólogo de medula óssea é indicado em algumas patologias, como no mieloma múltiplo e em recidivas de linfomas de Hodgkin e não Hodgkin. Já no caso das leucemias agudas, após a realização do tratamento quimioterápico, dependendo da resposta e dos marcadores prognósticos da doença do paciente, poderá ser indicado o transplante alogênico de medula óssea. Nesse caso, o doador já não pode ser o próprio paciente, mas, sim, um membro da família, ou a medula proveniente de um banco de doadores”, explica o hematologista.

Para o paciente 52 e os próximos, Sandra deixa um recado: “Participar de um procedimento assim, por mais difícil que seja, traz uma força que impulsiona a gente a seguir, acreditar e perceber que não estamos sozinhos. Então, confie na equipe, confie em cada sorriso, cada mensagem, porque eles sabem o que estão fazendo. Tenha sempre em mente que você está sendo cuidado pelos melhores”, finaliza Sandra.

Como ser doador de medula?

Para ser doador de medula óssea, basta ir ao hemocentro e se cadastrar. O doador deverá ter entre 18 e 35 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante. Será colhida uma amostra de sangue e, se for compatível com algum paciente que aguarda por uma medula no banco, o doador será convidado a realizar a doação. As chances de se encontrar algum doador compatível é de 1 a cada 100 mil doadores, por isso é tão importante o cadastro de novos doadores nos hemocentros.